Dezembro me mostra que as lindas visões que inundam a minha alma com entusiasmo e ternura não são minhas em particular, circulam pela alma de nossa humanidade. Ganhará quem tiver coragem e empenho suficientes para concretizar essas visões.
Acredito que somos energia, sendo a matéria um mero invólucro, que serve para carregar as limitações físicas que atraímos para poder trabalhar as nossas fragilidades. É um bom mês para diluir, deixar que cada coisa aconteça quando tem de acontecer. É saber que tudo no Universo tem um tempo propício, e que a gente não deveria bloquear o que está para acontecer.
As pessoas não se diluem em emoções adversas, ficam zangadas, ficam com raiva, culpam as outras, ficam endurecidas, e continuam as suas vidas com um nó no peito, provocado por emoções que se recusaram a aceitar.
Eu, se alguém de quem gosto me faz mal, por exemplo, eu choro. Choro de tristeza por ter atraído alguém assim, que é tão infeliz ao ponto de magoar quem lhe quer bem. Só isso. Só assim sinto que irei diluir na própria emoção que sinto, e nunca, nunca bloquear uma dor.
Aos poucos vou me habituando à ideia de que a vida traz emoções alegres e tristes, e que tudo flui se não deixar escapar nada. O amor não precisa de nenhuma referência – esta é a beleza e a liberdade do amor. Sentir, sentir, sentir...
Ultima página
Mais uma vez o tempo me assusta.
Passa afobado pelo meu dia,
atropela minha hora,
despreza minha agenda.
Corre prepotente, para disputar lugar
com o vento.
O tempo envelhece, não se emenda.
Deveria haver algum decreto
que obrigasse o tempo a desacelerar
e a respeitar meu projeto.
Só assim,
eu daria conta dos livros que
vão se empilhando,
das melodias que estão
me aguardando;
Das saudades que venho sentindo,
Das verdades que ando mentindo,
Das promessas que venho esquecendo,
Dos impulsos que sigo contendo,
Dos prazeres que chegam partindo,
Dos receios que partem voltando.
Agora,
que redijo a página final,
Percebo o tanto de caminho percorrido
Ao impulso da hora que vai
me acelerando.
Apesar do tempo,
e sua pressa desleal,
Agradeço a Deus
por ter vivido,
amanhecer e
continuar teimando ...
Flora Figueiredo