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domingo, 29 de dezembro de 2013

Neste ir e vir constante...




As luzes da noite ficavam bailando para mim. Ultima chance para que se faça tudo com o coração envolvido em cada pequeno ou grande gesto, fazer assim para se sintonizar bem com o espírito do dia de hoje, que é profundo e insondável, provoca confusão nos desatentos, mas elevação nas almas sintonizadas.

Sim! faz-se urgente que surjam novas atitudes e idéias que espalhem 'bombas' capazes de romper com os valores e estruturas tão engessadas que automatizam e aprisionam o ser humano nessa mediocridade tão distante da intensidade e do infinito de possibilidades que nos é possível.

 Bombas feitas de palavras, de poesia, de música e arte, de beleza, de atitudes, sonhos, idéias e valores.

Bombas feitas de esperança. Bombas espalhando um vírus de humanidade e a capacidade de criar e compartilhar momentos, instantes e perspectivas que possam romper e explodir a ordinariedade da vida, revelando-a como ela deve ser: Extraordinária!



De repente...

...num instante fugaz
os olhos se cruzam,
as mãos se entrelaçam
e os seres humanos,
num abraço caloroso,
num só pensamento,
exprimem um só desejo
e uma só aspiração:

Feliz Ano Novo
Glückliches Neues Jahr
Nytar
Feliz Año Nuevo
Felicigan Novan Jaron
Heureuse Nouvelle Année
Feliz Aninovo
Shaná Tová
Happy New Year
Felice Nuovo Anno
Akemashite Omedetou Gozaimasu


 Am0r e Luz

sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

O amor já vem com asas




Necessito crer que o amor está à mercê de cada instante se, é da soma de todos esses instantes que se constitui o sempre. É paradoxal afirmar que o  amor nunca vem antes, não há oração, coração ou simpatia para que ele se anteceda sem antes  compreender a suprema força e a instigante fragilidade que estão contidas em cada instante desse querer.

Saber viver o agora, acima de tudo é algo primordial, porém conhecendo as exigências do amanhã - somente o que está baseado na verdade e na transparência pode durar -.

Vencer a nós mesmos, vencer a própria pressa, suportar e decifrar o descaso e descanso da hora.

 Entre um sim ou um não a linha é tão tênue e ao mesmo tempo um enorme abismo.

Quando as coisas não acontecem, o vazio torna-se o espaço mais ocupado do quarto onde habitamos, trazendo consigo os prenúncios de uma implosão anunciada.



A paz  sem vencedor e sem vencidos

Dai-nos Senhor a paz que vos pedimos
A paz sem vencedor e sem vencidos
Que o tempo que nos deste seja um novo
Recomeço de esperança e de justiça.
Dai-nos Senhor a paz que vos pedimos

A paz sem vencedor e sem vencidos

Erguei o nosso ser à transparência
Para podermos ler melhor a vida
Para entendermos vosso mandamento
Para que venha a nós o vosso reino
Dai-nos

A paz sem vencedor e sem vencidos

Fazei Senhor que a paz seja de todos
Dai-nos a paz que nasce da verdade
Dai-nos a paz que nasce da justiça
Dai-nos a paz chamada liberdade
Dai-nos Senhor paz que vos pedimos

A paz sem vencedor e sem vencidos

Sophia de Mello Breyner Andresen

terça-feira, 24 de dezembro de 2013

Na vida não há neutralidade



Dezembro me  mostra que as lindas visões que inundam a minha alma com entusiasmo e ternura não são minhas em particular, circulam pela alma de nossa humanidade. Ganhará quem tiver coragem e empenho suficientes para concretizar essas visões.

Acredito que somos energia, sendo a matéria um mero invólucro, que serve para carregar as limitações físicas que atraímos para poder trabalhar as nossas fragilidades.  É um bom mês para  diluir, deixar que cada coisa aconteça quando tem de acontecer. É saber que tudo no Universo tem um tempo propício, e que a gente  não deveria bloquear o que está para acontecer.

As pessoas não se diluem em emoções adversas, ficam zangadas, ficam com raiva, culpam as outras, ficam endurecidas, e continuam as suas vidas com um nó no peito, provocado por emoções que se recusaram a aceitar.

Eu, se alguém de quem gosto me faz mal, por exemplo, eu choro. Choro de tristeza por ter atraído alguém assim, que é tão infeliz ao ponto de magoar quem lhe quer bem. Só isso. Só assim  sinto que irei diluir na própria emoção que sinto, e nunca, nunca bloquear uma dor.

Aos poucos vou me  habituando à ideia de que a vida traz emoções alegres e tristes, e que tudo flui se não deixar escapar nada.  O amor não precisa de nenhuma referência – esta é a beleza e a liberdade do amor.  Sentir, sentir, sentir...


Ultima página

Mais uma vez o tempo me assusta.
Passa afobado pelo meu dia,
atropela minha hora,
despreza minha agenda.
Corre prepotente, para disputar lugar
com o vento.
O tempo envelhece, não se emenda.
Deveria haver algum decreto
que obrigasse o tempo a desacelerar
e a respeitar meu projeto.
Só assim,
eu daria conta dos livros que
vão se empilhando,
das melodias que estão
me aguardando;
Das saudades que venho sentindo,
Das verdades que ando mentindo,
Das promessas que venho esquecendo,
Dos impulsos que sigo contendo,
Dos prazeres que chegam partindo,
Dos receios que partem voltando.
Agora,
que redijo a página final,
Percebo o tanto de caminho percorrido
Ao impulso da hora que vai
me acelerando.
Apesar do tempo,
e sua pressa desleal,
Agradeço a Deus
por ter vivido,
amanhecer e
continuar teimando ...

Flora Figueiredo

segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Tramando aromas na janela...





Este é um daqueles momentos em que seria melhor  amadurecer um pouco mais seus desejos para agir numa hora que fosse mais propícia. A televisão mostrava um documentário sobre a produção de Camembert da Normandia. Os vizinhos faziam um churrasco ao som de músicas tenebrosas. de forma urgente, contrariando todas as evidências, Ester teclou rapidamente e automaticamente um número de celular. O telefone tocou e ninguém atendeu do outro lado. Era quase visceral a necessidade de se declarar : o amor sempre tem pressa!![mas nem sempre há boa coordenação entre o desejo e a oportunidade de agir nesse sentido].As coisas são como são porque sempre se originam em idéias. Ester buscava sentimento.




0 verbo no infinito

Ser criado, gerar-se, transformar
O amor em carne e a carne em amor; nascer
Respirar, e chorar, e adormecer
E se nutrir para poder chorar

Para poder nutrir-se; e despertar
Um dia à luz e ver, ao mundo e ouvir
E começar a amar e então sorrir
E então sorrir para poder chorar.

E crescer, e saber, e ser, e haver
E perder, e sofrer, e ter horror
De ser e amar, e se sentir maldito

E esquecer de tudo ao vir um novo amor
E viver esse amor até morrer
E ir conjugar o verbo no infinito...

Vinícius de Moraes

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

E as andorinhas voam...







A vontade que ela tinha
Era sacudir a amiga dorminhoca

E contar

Palavra por palavra
O que tinham conversado

Queria abrir a janela
E ao ver a viúva

Debruçada

Fumando no andar
De baixo

Correr pelas escadas
Sentar à sua porta

E contar
Calmamente


Que se falaram
Novamente

E 'ele'
Aparentemente

 A amava

E encantava mais
A cada palavra

Teve vontade de sair
E obrigar o guardador
de carros

O único que conhece ter
 Um Passat vermelho

A sentar no banco ao lado

E ouvir
 A sua história

Até que
Emocionado

Limpasse os olhos
Com sua flanela

Ao ver que 'ele'
Batera à porta

E assim a trazia de volta

Quis que o senhor
De olhar perdido
No sinal fechado

Desligasse o carro
E a ouvisse

E que ele
Nunca mais ficasse triste

Queria que o porteiro
do prédio chic
Largasse a mangueira

Ou tocasse água para cima
Como em um desses comercias de margarina

Porque lembraram
De ter uma família feliz

Queria que sua vizinha
de porta
Chamasse o marido

Que foi embora

Para que eles lhe dissessem
O quanto entendiam

Como era raro
E bonito

Mesmo sendo
Impossível.