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segunda-feira, 24 de março de 2014

Multiplicar os vários sentidos possíveis





       Que importa se o pensamento se estende entre léguas e léguas? 
Ela seguia confiante de suas convicções. Se sentia dona de seus mistérios e de seus desejos. Dona de um dicionário infinito[significados e explicações nunca lhe faltavam] . Porém o essencial não estava nos livros, estava na vontade com a qual os devorava por completo. Da mesma forma, a beleza não mora no amor e sim na forma que nos doamos a ele. Com seu lado romântico achava que o ímpar é  quase sempre o sinal de um egoísmo solitário, de quem nunca soube ser par. Então ela colheu rosas e desejou os li rios. Duvidou de si mesma, quase perdeu a fé, amou platonicamente . Sonhou com a paisagem do outro lado da porta, onde haviam flores caídas, pipas no céu, e no ar cheiro de dama da noite. Mas tudo não passava de devaneios .... 



'O mesmo céu nos cobre. 
E a mesma terra liga nossos pés. 
No céu e na terra é a tua carne que palpita. 
Em tudo sente o teu olhar se desdobrando...'

Vinícius de Moraes

terça-feira, 11 de março de 2014

Fiz minha casa nas linhas tortas do tempo



     Assim é a  minha mente, um jardim de caminhos que se bifurcam. Tenho também  dias exclusivos para que possa fazer os afazeres de casa com serenidade, tecidos mesmo com as linhas do aconchego e da ternura. Outros para olhar pra dentro, deixar a  minha alma hibernar, juntar os pensamentos dispersos, equilibrar a corda bamba da vida e abraçar somente as minhas vontades. Há dias que nascem para que sejam a minha  prioridade. Para que eu prepare o depois em silêncio e sem pressa. Há dias que quero  exclusivamente meus. Para ir descobrindo que no meio de todas as situações incongruentes que desenham esse panorama complexo, que parece não ter solução, também acontecem coisas boas e interessantes...



domingo, 2 de março de 2014

Despropósitos





   Hoje de manhã lembrei de você ouvindo blues.   Mas nunca ouvimos blues e aquela musica pertence a outro tempo. É que às vezes  eu me lembro de você quando me deparo com algo bonito. Um pôr-do-sol desmaiando sobre o meu ombro. A tarde de um dia que não volta. O bando de pássaros que nunca serão os mesmos [este canto é a promessa  de que a poesia resiste às mais insuspeitáveis provas].  É um barco no rio do destino sem previsão de portos. Mas que segue para sempre e sempre...












Sob o sol, sobre a sombra

Ando com essa urgência no bolso
mesmo sentada
todos os pulsos apontam
Acordo as seis
no ranço da pressa 
de ontem 
povoada por qualquer instante
que me parta

Fernanda Tatagiba