
A vontade que ela tinha
Era sacudir a amiga dorminhoca
E contar
Palavra por palavra
O que tinham conversado
Queria abrir a janela
E ao ver a viúva
Debruçada
Fumando no andar
De baixo
Correr pelas escadas
Sentar à sua porta
E contar
Calmamente
Que se falaram
Novamente
E 'ele'
Aparentemente
A amava
E encantava mais
A cada palavra
Teve vontade de sair
E obrigar o guardador
de carros
O único que conhece ter
Um Passat vermelho
A sentar no banco ao lado
E ouvir
A sua história
Até que
Emocionado
Limpasse os olhos
Com sua flanela
Ao ver que 'ele'
Batera à porta
E assim a trazia de volta
Quis que o senhor
De olhar perdido
No sinal fechado
Desligasse o carro
E a ouvisse
E que ele
Nunca mais ficasse triste
Queria que o porteiro
do prédio chic
Largasse a mangueira
Ou tocasse água para cima
Como em um desses comercias de margarina
Porque lembraram
De ter uma família feliz
Queria que sua vizinha
de porta
Chamasse o marido
Que foi embora
Para que eles lhe dissessem
O quanto entendiam
Como era raro
E bonito
Mesmo sendo
Impossível.
Gosto muito desse hibridismo de poema com conto. Muito bom!
ResponderExcluirEntro pela vez primeira, aqui, e já sinto tanto querer amoroso, nessa crônica tão deliciosamente poética,na simplicidade do cotidiano...
ResponderExcluirBeijos, Margoh!