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sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Apenas com seus outros sentidos






Pode fechar seus olhos?
Não! Espere.
Talvez seja melhor eu os fechá-los.
Deixe que eu tome temporariamente sua visão
E te deixe apenas com seus outros sentidos.
Confia em mim? Confia em nós?
Relaxe, conte até um determinado numero,
E só então comece a me procurar.
No inicio vai se divertir, achar tudo muito engraçado,
Porem,por trás da brincadeira,eu avalio o quão conectado estamos.
Me segues pelo perfume, pelos passos?
Me segues a cega ou tem algo que o direciona?
Não se apresse, temos longos dias pela frente, longos dias de treinamento.
Desta vez te permito espiar e ter mais de uma chance.
Porem,quando o mês acabar, novamente terá que vendar-se.
Só que dessa vez , nosso destino dependerá de seus instintos.
Acha que podes me encontrar?
Acha que nosso amor te guiará?
Que ele durará?


A tarde se despede dando seus últimos suspiros.
Pelas ruas, apenas o silêncios se faz presente.


Estou aqui. Confie.


( ” Sweet november” um filme emocinante)

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

0 amor é cego....




A frase não é só força de expressão, segundo estudo  publicado no periódico Psychological Science. Os cientistas acompanharam 220 recém-casados durante três anos (o suficiente para baixar o fogo da paixão) e pediram que ambos se autoavaliassem e ao parceiro em relação a qualidade e defeitos, como gentileza, inteligência, compreensão, imaturidade e preguiça. Os casais mais felizes (e duradouros) eram aqueles que quase não viam imperfeições no outro.



Gosto quando te calas

Gosto quando te calas porque estás como ausente,
e me ouves de longe, minha voz não te toca.
Parece que os olhos tivessem de ti voado
e parece que um beijo te fechara a boca.

Como todas as coisas estão cheias da minha alma
emerge das coisas, cheia da minha alma.
Borboleta de sonho, pareces com minha alma,
e te pareces com a palavra melancolia.

Gosto de ti quando calas e estás como distante.
E estás como que te queixando, borboleta em arrulho.
E me ouves de longe, e a minha voz não te alcança:
Deixa-me que me cale com o silêncio teu.

Deixa-me que te fale também com o teu silêncio
claro como uma lâmpada, simples como um anel.
És como a noite, calada e constelada.
Teu silêncio é de estrela, tão longinqüo e singelo.

Gosto de ti quando calas porque estás como ausente.
Distante e dolorosa como se tivesses morrido.
Uma palavra então, um sorriso bastam.
E eu estou alegre, alegre de que não seja verdade.
Pablo Neruda

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

A voz das coisas que eu sei amar



Em momentos de mudanças e necessidade de decidir, dá vontade de olhar a vida desde o fim e ver onde isso vai dar ou qual o melhor caminho a seguir.

Entardeço com saudades de quem eu não consegui conhecer.

Não é de gente desconhecida, mas de gente que está na minha vida, que passa pela minha vida, mas que eu nunca conheci.

Estranha a sensação de que estamos desperdiçando gente. Gente que podia fazer muito mais sentido, que podia ser mais inteira, ter mais histórias, mas que acaba tendo uma forma bem abstrata.

Eu tento encaixar em algum lugar, mas é difícil quando as impressões sobre uma pessoa e uma relação lhe parecem tão superficiais e que qualquer tentativa de enquadramento seria por demais leviana.

Ao mesmo tempo, existe um certo encantamento na superficialidade. Uma eterna áurea de mistério que em muitos momentos engana. É a leveza do que não tem raiz, não prende, mas também não surpreende.

Você acaba acreditando que existe algo de especial naquela história, já que tem tanto tempo, tantas vontades, tantos momentos. Mas nunca foi mais fundo para saber de fato o que tem no sótão ou se é puro vazio.

Ao mesmo tempo, mesmo que em pequenos fragmentos sutis de alma, acaba-se percebendo um pouco do que se tenta esconder. Medos, desejos, sonhos e sentimentos.

E eu acho tão bonito quando as pessoas assumem suas emoções e, apesar das dificuldades que a vida impõe, enfrentam tudo para obedecer ao que o coração pede insistentemente.

Como o mundo seria melhor se as pessoas ouvissem mais o coração.

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Estilhaços de similaridade


Flora , uma executiva de sucesso, estava apreensiva.  Respirou fundo e saiu decidida, sem grandes alardes, sem grandes transtornos, as coisas acontecem porque têm de acontecer, pensava.  Estava disposta a colocar tudo às claras. Acertar os ponteiros, colocar os pingos nos is, ajustar todas as contas.   Na hora h, no dia D todas as convicções se foram, evaporaram diante do medo da solidão.   Preferiu culpar seu nervosismo : quando há muita ansiedade envolvida, aí as coisas que aconteceriam sem transtornos parecem se insurgir e produzir muitos contratempos . Ele a abraçou forte demais....

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Tem algo de amargo na doçura que fica do que se foi




Aaah vida surpreendente! Com um sorriso triste, Janaína suspirou sabendo que para ela era sempre a mesma coisa. Quem chegava com o muito prazer, nas entrelinhas já se despedia. A vontade era nem dar-se ao luxo de deixar-se gostar. Quanto mais gostar, mais dor ao despedir-se. Sempre que alguém chegava com ares de eternidade, mais rápido seria em sumir sem deixar qualquer rastro a que ela se agarrasse, qualquer retorno que esperasse. Era um vem e vai, sempre nesta ordem. E uma vez só, não havia retornos, nem surpresas, nem gritinhos de alegria por ser surpreendida com uma brincadeira de esconde-esconde. Quando menos esperasse - e conseguia surpreender-se a cada vez - alguém já se tinha ido. E Janaína entrava correndo, na esperança ridícula de ter sido brincadeira - e sabia que mais uma vez havia acontecido. Quem sabe uma chave torta, uma senha ilegível, sons soltos de risadas distantes ajudam a decifrar um coração aos cacos??




.Tudo em ti 
era uma ausência 
que se demorava: 
Uma despedida 
pronta a cumprir-se.

Cecília Meireles