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quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

E as andorinhas voam...







A vontade que ela tinha
Era sacudir a amiga dorminhoca

E contar

Palavra por palavra
O que tinham conversado

Queria abrir a janela
E ao ver a viúva

Debruçada

Fumando no andar
De baixo

Correr pelas escadas
Sentar à sua porta

E contar
Calmamente


Que se falaram
Novamente

E 'ele'
Aparentemente

 A amava

E encantava mais
A cada palavra

Teve vontade de sair
E obrigar o guardador
de carros

O único que conhece ter
 Um Passat vermelho

A sentar no banco ao lado

E ouvir
 A sua história

Até que
Emocionado

Limpasse os olhos
Com sua flanela

Ao ver que 'ele'
Batera à porta

E assim a trazia de volta

Quis que o senhor
De olhar perdido
No sinal fechado

Desligasse o carro
E a ouvisse

E que ele
Nunca mais ficasse triste

Queria que o porteiro
do prédio chic
Largasse a mangueira

Ou tocasse água para cima
Como em um desses comercias de margarina

Porque lembraram
De ter uma família feliz

Queria que sua vizinha
de porta
Chamasse o marido

Que foi embora

Para que eles lhe dissessem
O quanto entendiam

Como era raro
E bonito

Mesmo sendo
Impossível.

2 comentários:

  1. Gosto muito desse hibridismo de poema com conto. Muito bom!

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  2. Entro pela vez primeira, aqui, e já sinto tanto querer amoroso, nessa crônica tão deliciosamente poética,na simplicidade do cotidiano...
    Beijos, Margoh!

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'coragem!
pra que fechar a voz?
se a força do desejo
pulsa em cada
um de nós'

dele-milton nascimento


[#DoAmor]